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terça-feira, abril 25, 2006

A manhã de amanhã

- O que você vai fazer amanhã de manhã?
- Amanhã de manhã?
- É, amanhã de manhã.
- Ué ... num sei...

(silencio)

Como uma pergunta tão simples pode derrubar o ânimo de uma pessoa? Me senti um enorme ponto de interrogação. Muita gente vai trabalhar, mas um tanto vai estudar, outro tanto vai se encontrar com alguém pra fazer alguma coisa, entre outras possibilidades. Mas eu, nem havia pensado no que faria amanhã de manhã, como não havia pensado no que faria pelo resto da vida. Quando se está perdido, qualquer direção é confortante, e acaba-se entrando numa floresta de espinhos da qual não há maneira de sair sem atravessá-la por inteiro. A calma que toma conta de mim, me aflige porque parece impedir que eu tome logo uma decisão, parece sempre dizer Não se aborreça há de chegar a hora do descanso...

Vai passar... espero

Me aproximo de novas pessoas, mas um sentimento de incapacidade de amar toma conta do meu coração, é como se nos fosse permitido apenas uma vez na vida o sentimento inexplicável que faz você pensar que daquela hora em diante a vida tem sentido, e pensamos no futuro como algo modelável, que só precisa de uns pequenos planos entre as partes. É, se posso dar conselhos aqui, fica esse: quando sentirem isso cuidem bem desse sentimento, ele precisa de um carinho todo especial, caso contrário você perde a chance e o que era tão alíviante passa a ser um um descontrole total. Torna-se o oposto do que sempre foi...

terça-feira, abril 04, 2006

Transplante

hô coração vazio, coração frio, coração lerdo, preguiçoso, hô coração sem gosto, sem força, sem ritmo, coração manga, deixando fiapos entre os dentes, coração pequi, que tem que ser consumido com receio, jah estou farto de você, mas o que resta ao seu dono... já não aguento mais coração insosso, não se move, não se insinua, hô coração mudo, deixa de ser metido à estátua de bronze... O que será que vai lhe tirar desse estado de choque, o que fará você deixar essa indiferença.... se continuar assim terei que ameaça-lo... conheço um cardiologista... que tal um traspalnte?

sábado, abril 01, 2006

ChuvemGirassóis

Ás vezes a chuva me faz lembrar... nada está tão preso que não possa escorrer. há um fingimento sucinto e sutíl, quase que imperceptível, na impermeabilidade do passado, e ficar imune a enxorrada de lembranças marrons é um desejo prematuro. Nem um guarda-chuva pode proteger doces pensamentos, dissolver-se é questão de coragem, para quem vive do medo.... Os girassós perderam sentido