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quinta-feira, agosto 24, 2006

“Triunfo”



- Íris, Marconi, assassinos!

- Íris, Marconi, assassinos!



Milicos malogros melecas
políticos cínicos patetas
advogados putos pagos
jornalistas parasitas manipulados
Judiciários vis salafrários

: Profissionais constitucionais :

Para manter a ordem
Para enganar o povo
Para ludibriar o júri
Para construir os fatos
Para condenar a vida

A balança viciada,
erguida pela cegueira,
incrimina a verdadeira
vontade libertada.

E as bandeiras hasteadas
-cinematografadas cenas-
tornam as atitudes insanas
mantém as bocas caladas.

Na podre república das bananas,
onde a independência morre de fome
e, debaixo das pontes, a dignidade some,
cai do céu o choro divino
entristece o dia, dilui o sangue
que os cães bípedes beberam feito Tang
depois de tirarem do berço os braços fortes
daqueles que inventavam um outro hino

E no boteco da esquina
Tião sorve uma dose e resmunga:
- O único direito do pobre, menina,
é só ser dono da própria tumba.



16 de fevereiro de 2005

quinta-feira, agosto 10, 2006

Imã




Um caminhante anda pelas ruas da noite
Sob sua cabeça uma Lua
Ilumina pensamentos celestes
-tão diferente
E ainda tão bela quanto antes.
Ela se foi acenando,
o caminhante segue,
Cabeça baixa, os bolsos esquentam as mãos,
pensando no céu.
É tão ruim que ela se lembre apenas da dor
é pra longe disso que ele quer ir.
Quando era criança estragou uma caixa de som
vendo-a fugir, ele se lembrou de quando o imã caiu e
quebrou...
as partes não mais puderam se unir.
A criança teve que brincar de afastar...
 
Sentir-se,
só uma vez,
preso por vontade?
O caminhante pensa que não, mas sente que sim:
"- Devolva minha chama que você sugou com um beijo
quero, com ela, reacender-me e me queimar
e quando nossas mágoas estiverem mortas,
vou cremá-las!!
Se queres recordação do que te fez sofrer
não me peça para dá-las a ti.
As minhas, a cada vez que elas vem á tona,
sinto-as na pele,
mas estou aprendendo a suportar o frio...
Quero descobrir o lugar das coisas abandonadas para pô-las lá.
E que elas façam companhia a tudo que deve ser descartado.
Assim, terei em mim apenas a lembraça de um belo sonho
em que a Lua veio me iluminar,
e saimos por ai como partes de uma mesma coisa.
 
E que, um dia, chamamos de amar ..."