Páginas

quarta-feira, maio 09, 2007

Parentesis

E com aquela fumacinha agradável, Lis, que não fuma, começou a se lembrar do início da viagem, quando ela ainda nem tinha certeza direito se viajaria ou não naquele dia...
Se lembrou da primeira conversa com Marnin sobre a viagem e de tudo que rolou até Bia e ela sairem de Goiânia e encontrarem Marnin na esplanada.

Lis num ímpeto costumeiro perguntou numa conversa pela internet a Marnin:
- Bem, o que você vai fazer no feriado?
- Estou vendo de ir para São Jorge com o Lucas..
- Sério mesmo? O Lucas é furão, vamos comigo para Chapada?
- Como?
- De carona.
- Você vem para Brasília ou eu vou pra Goiânia?
- Eu vou pra Brasília. Vamos na quinta?
- Só posso depois do almoço...
- Certo, então eu saio de manhã daqui.
- Combinado!

Nessa combinação tão rápida nenhum dos dois acreditou que de fato iriam para Chapada. Era um domingo e Lis foi para o ensaio do Grupo de Percussão que participava. Com muita ansiedade da nova viagem, esquecera que o Grupo se apresentaria nesse feriado, no final do ensaio se deu conta, mas preferiu não desistir da viagem, nesse bote, Bia se encaixou:
- Lis, você não vai apresentar?
- Não, vou viajar.
- Pra onde?
- Chapada, vamos?
- Como?
- De carona, eu, o Marnin e você. Está a fim?
- Que dia?
- Quinta!
- URRUL! Fechou! Vamos para Chapada!

Com sua alegria saltitante, Bia puxou Lis pelo braço e na praça pulavam como duas crianças, iam para chapada.

No decorrer da semana a combinação estava estável, porém, no dia anterior, Bia telefonou para Lis:
- Lis, não vou para sua casa, vou ficar por aqui porque tenho que terminar um lance do trabalho, mas às 5h da manhã estarei na sua porta para irmos para a BR!

Lis disse "ok" mas logo pensou "isso não vai dar certo".. Deu o recado para Marnin e imaginou que teria pensado o mesmo. Bia é famosa no seu grupo festivo por se atrasar ou furar com as pessoas, pode ser charme ou pura distração, mas o fato é que sempre acontece. Ao dormir, Lis colocou o despertador para as 5h30, esperando ser acordada por Bia. Às 5h45, depois do "modo soneca" do despertador, num pulo pensou "A Bia nem deu as caras nem telefonou.... Melhor tomar um banho e arrumar as malas, depois telefono para ela". Lis se preocupava em acordar as pessoas da casa de Bia, mas o atraso foi conveniente, Lis sempre deixa para fazer as malas de última hora. Às 6h30, depois do banho, das malas e do café da manhã, Lis ligou o computador para se distrair até o sinal de vida de Bia, às 7h15, sem sinal, Lis se exaltou "ah não! não é possível".
- Alou.
- Oi, é.. A Bia está?
- Ela está tomando banho.
- Ah, então, desculpa ligar essa hora, mas é que combinei com ela às 6h aqui em casa e ela nem deu sinal de vida ainda..
- Ahhhh, certo, espera só um momentinho.
(Biaaa, a Lis no telefone)

- Liiiiiiiss!
- Bia! Como você faz isso comigo?

Combinaram de Bia ir para a casa de Lis em 30 minutos. Mas em 25, Bia retorna mudando o rumo do lugar - Vamos nos encontrar no terminal do ônibus e ir direto. Certo, às 8h.

Mas uma vez, Bia se atrasa, porém não mais que o ônibus que as deixaria na BR para Brasília. No terminal, encontram com Cacá e seu namorado, também estão indo para a BR pegar para carona para Brasília. Cacá é uma garota muito linda e sabe exatamente o lugar onde devem descer para pegar carona, combinam de quando chegarem em Brasília se telefonarem para se encontrar.

O ônibus chega, aliás, chegam dois e todas/os as/os passageiras/os entram no ônibus errado, quando se dão conta quem estava sentado ficou em pé, nisso se inclui as viajantes. O percurso é longo, ao chegar na BR Cacá e seu namorado vão para um extremo e Lis e Bia para outro.
Lis retira bolachas naturebas de sua mochila, duas folhas A4 e um canetão vermelho onde escreve:
CARONA BRASÍLIA
Cada uma com seu papel e com seu dedinho fazendo poses e sorrisos na BR. Em menos de 10 minutos um peugeot preto pára e o caroneiro, funcionário do MasterCard está indo para BSB. Entram no carro muito felizes com a facilidade de conseguir essa carona (um sussurro "está dando tudo certo"), eram 10h.

Durante o percurso da viagem, Robes, o caroneiro, conta para as garotas um longo período da sua vida, ele está indo para o Piauí, encontrar com a sua mulher - vai para o aeroporto de Brasília. Um funcionário exemplar da MasterCard, orgulha-se de seu trabalho e dá a cada uma das garotas uma pasta com uma carteira de cartão e blocos e canetas da empresa.

Ao 12h chegam em Brasília, Robes deixa as garotas logo na entrada do Distrito, em Candangolândia. Elas procuram por um banco - viajaram sem puto no bolso - e não encontram. Ligam para Marnin:
- Estamos aqui!
- Tem como subir para a Esplanada?
Elas, sem dinheiro e com fome, decidem andar em busca de um banco, mas no caminho encontram um posto de gasolina, se entreolham como se dissessem "E aí, vamos nessa?".
Dessa vez o caroneiro foi um massoterapeuta que não gostava da vida no Quadradinho de Goiás. Ele queria ir para o Nordeste, viver com sua irmã, a vida em Brasília era muito ruim. Apesar de sair de seu trajeto, o anjo da vez fez questão de deixar Lis e Bia na Esplanada, onde encontraram com Marnin.

Nenhum comentário: