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domingo, janeiro 08, 2006

Passeio...

Tem um visinho meu, ali de baixo, que certa vez me disse, Voce é um cara estranho..., eu respondi agradecido. e é por ser estranho a mim mesmo e a outrém, que resolvir brincar com as palavras aqui nesse oceano de informação. Meu desejo é que as palavras que ficarem por aqui tomem a forma dos peixes luminosos que habitam as profundezas do mar. quero sussurrar, quero respirar, aspirar e expirar-me, quero enfiar o dedo na ferida, jogar pedra na cruz, tirar cisco de olhos alheios e também ser um cisco em olho alheio. Esses dias, entrei dentro de um tufão e senti aquele vento forte quase me arrancar os cabelos, fiquei tonto, assim, como quando se fica sem dormir ou sem comer, e foi bom sentir o frio na barriga, a ânisa, pude conhecer o que estava nos meus bolsos e que saiu voando por ai, pude saber o que se escondia em mim enquanto eu vivia acomodado com o incômodo de pensar em ser feliz pra sempre, e sobreviver ao pelotão de fuzilamento em carros de som que me acordam todos os dias com propagandas de calçado, tecido e pamonha... tenho a janela do meu quarto voltada para o caos do centro de goiania, e esse caos me azucrina, é uma punhalada nas costas do meu sono perturbado, já que tenho tentado dormir pela manhã quando o corpo não resiste mais. Aos conhecidos desconhecidos, escrevo exercícios de imaginação com inocência de adolescente que escreve diário simplesmente para queimá-lo no final do ano, mas neste caso o fogo não serve. Fico a esperar um virus febril ser espirrado na minha cara, para botar meu sistema imunológico em ação, pois sei que ele sabe bem utilizar as palavras do corpo e dá alma na luta por uma sobrevivência amena, simples... mantenho-me estirado no precipício das sensações segurando na beirada com os dedos da literatura...

Um comentário:

mundosdevidro disse...

poxa, muita coisa, muitas imagens...

"enfiar o dedo na ferida, jogar pedra na cruz, tirar cisco de olhos alheios e tambem ser um cisco em olho alheio"

acho mesmo que não se pode abandonar esse ímpeto, sob pena de se colocar a mercê da violência que constrói uma vida que nos inspira sempre algo com "há mais coisas erradas aí do que precisava haver"... o que acontece é q muitas vezes me sinto cansado demais, ou fraco demais pra isso de jogar pedra na cruz... acho que é o tempo, a proximidade com terrenos áridos... há um imperativo moral por trás disso, e eu faço o possível pra ouvi-lo, sempre me pegruntando como pode um ouvido tão jovem como o meu estar assim tão cansado...

outra coisa foi o mundo que sai dos seus bolsos, levado pelo vento furioso.. rss só queria dizer que essa imagem é linda... parece coisa de filme infantil.. o mágico de oz, alice, coisas assim rsss

sobre a jenela do seu quarto voltada para o centro... a do meu quarto tb é... hummm sabe o q? eu acho que tenho feito as pazes com a velocidade do centro.. não quero ser pretensioso a ponto de dizer que fiz completamente as pazes com a velocidade da vida, que insiste em desintegrar minha vida.... mas acho que fazer as pazes com o centro já é alguma coisa nesse caminho, nessa direção rsss o centro formigando lá em baixo, eu no meio disso tudo, e de volta pro meu ap, vivinho.. é uma metáfora que assimilo com certo prazer... se a velocidade do centro não pode acabar com a paz das minhas horas, talvez a da vida tb não acabe com a paz (a paz possível) da minha existência... eu amo o centro e seus serezinhos em movimento rs