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segunda-feira, janeiro 09, 2006

Silenciódio

Já se passaram mais de duas horas, e fiquei sem falar palavra durante todo o tempo, estou só, e enumero em pensamento minhas posses. Tenho um piano no quarto esperando ser afinado, é quase uma vida esperando sentido. Tenho uma dor de garganta que ganhei de presente da chuva. Tenho os móveis que imóveis estimulam a permanência do silêncio. É que nos últimos dias eu falei demais, todos já sabem das minhas incongruências sentimentais. Falei, pra você, pra ela, pra ele. E agora estou a mais de duas horas em silêncio, escuto o som das teclas sendo apertadas e só. Tenho um segredo que gostaria de não contar mas o silencio é só vocal, os dedos continuam escrevendo pensamentos... é que num sei mais os limites entre amor e amizade, na verdade sei pouco sobre o amor e desconheço a amizade. Ontem, uma amiga veio aqui e senti ódio dela por ter me provocado com sua beleza interior... Fiquei com vontade de fazer amor... com vontade de me doar... mas ainda não me pertenço... Sabe quando se quer ter tudo ao mesmo tempo e acabasse em frente ao computador escrevendo sonhos que não se tornarão realidade? Deixei de agir para escrever e agora me sinto doente... por sentir um pequenino prazer na dor, invisto na solidão em busca de versos bonitos e o que tenho são filhos bastardos e é por odiá-los que os ponho na rede, por não me sentir dono deles é que solto-os por ai, com uma ânsia de que sejam ridicularizados...

Um comentário:

Moinho S/A disse...

não o serão...
ridicularizados, digo.